terça-feira, 20 de outubro de 2009

Aprender - Uma questão de Cidadania

Existem muitos modos de se trabalhar com alfabetização de adultos, muitos tão certos e alguns nos decepcionam, pois não podemos brincar com a alfabetização ainda mais com adultos que tem tanto para nós ensinar e mesmo assim ainda arrumam tempo para aprender, é uma grande lição de vida, o começar algo que a vida não proporcionou em outro tempo. Algumas instituições procuram fazer da prática educativa de alfabetização também um desafio de ordem política, pois ao mesmo tempo em que trabalham com os códigos da aprendizagem da leitura e da escrita, procuram o desafio de ampliar os ganhos de consciência dos grupos populares ao refletir sobre a sua realidade e sobre o seu mundo.
Estas atitudes prejudicam os fatores de ordem social, pois todos sabem as condições que vivemos, todos conhecem a sociedade que exclui que marginaliza a maioria dos pobres, que não tão condições mínimas para a realização das camadas populares. Estes fatos devem ser discutidos, levados em consideração, mas é preciso ter claro que alfabetização é muito mais que isto e não demonstra a qualidade necessária para uma educação que visa à autonomia.
Precisamos considerar a experiência acumulada por este educando e suas hipóteses a respeito de como tal processo de escolarização se realizam.
Paulo Freire entende alfabetização como um ato de conhecimento, no qual "aprender a ler e escrever já não é, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas refletir criticamente sobre o próprio processo de ler e escrever e sobre o profundo significado da linguagem".
Ações assim tornam o homem construtor de seu conhecimento, partindo a aprendizagem do que sabem e não do que ignoram.
Precisamos deixar bem claro que não é o método que se elege que promove a alfabetização, mas é todo um conjunto de conhecimentos e a postura intelectual que adotamos com relação aos sujeitos e ao objeto da aprendizagem.
Assim como nós, que estamos no papel de educadores, crescemos e desenvolvemos ideias usando a leitura e nos expressando por escrito, os adultos não escolarizados podem estar procurando isso também.
A possibilidade de escrever está muito ligada ao valor que a proposta tem para cada um.

2 comentários:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Thais! Muito legal e crítica tua postagem. Só não entendi muito bem a seguinte passagem: "Estas atitudes prejudicam os fatores de ordem social...". O que quiseste dizer com ela? Abração!!

Thais Natali disse...

Oi, Simone penso que muitos partidos políticos usam estes métodos de alfabetização para fazer politicagem, pois com o ensino fundamental não dá porque os alunos, na maioria não votam, mas na alfabetização de adultos criar movimentos partidários é comum, e acabam não fazendo da educação um bem social onde promova a autonomia e cidadania mas sim tentam se promover pessoalmente e tirar proveito dessas pessoas.