quarta-feira, 3 de junho de 2009

Destroços...

"Toda destruição conta uma história desde que saibamos ler os destroços".

Como é difícil falar em teorias sobre a agressividade, quando estamos vivendo numa era em que os colégios mais parecem um lugar de luta livre. Nós (educadores) já estamos até acostumados a tudo isto, mas se vêm uma pessoa qualquer na hora do recreio e se depara com aquelas crianças correndo iguais “loucas” e gritando, se apavora. E nós professores, muitas vezes parecemos mais bombeiros apagando o incêndio do que educadores. E não é por falta de tentativas de brincadeiras, projetos e organização, estas mesmas duram 5 minutos e depois já vira bagunça.
Lendo nesta semana o texto Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança? Jaqueline Picetti. Que fala sobre Piaget, pensei como ele pôde disser que a violência nas escolas, de crianças entre 7 a 10 anos, pode ser uma fase em que eles precisam aprender a se defender, quando eles não têm intenção de machucar, mas sim somente se defender.
É possível afirmar que as crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental (7 – 10 anos) estão construindo as noções de justiça, solidariedade, intencionalidade e responsabilidade. Esse processo tem características peculiares que incidem no comportamento. Durante essa construção, é importante que o professor esteja atento aos acontecimentos, pois ele poderá auxiliar as crianças a refletirem sobre as diferentes situações vivenciadas na escola.
Piaget (1994) observou que, até em torno dos dez anos, os atos são avaliados segundo seus resultados, independente das intenções.
Piaget (1994) também constatou, em seus estudos, que há dois tipos de reações em relação às sanções (punições): num primeiro momento do processo, a criança considera a sanção necessária e quanto mais severa ela for, mais justa o será; num segundo momento, as crianças consideram justas as sanções que exigem uma restituição. Acreditam que a sanção deve corresponder exatamente ao ato cometido, para que o culpado sofra as conseqüências de sua falta.
Penso que ele tem razão, mas não é só isto, a situação está mais agravante, em minha escola, por exemplo, existem crianças do Pré levando faca para a aula para ferir o amigo. Está teoria pode funcionar em crianças com uma estrutura familiar, onde ela seja corrigida, tenha bons exemplos e possa discernir o certo do errado. Como hoje a maioria das famílias não tem mais aquela base para a construção de valores, eles acabam aproveitando esta fase e se tornando crianças agressivas até as últimas conseqüências.
Coloquei esta frase no início falando justamente sobre o fato de existir esperança, as maiorias das escolas estão abertas para ajudar as famílias, muitas famílias estão desestruturadas, mas não é por que querem, mas muitas são vítimas da própria sociedade que exclui pessoas menos favorecidas.
Saber ler os destroços é um papel para toda sociedade, é um processo de inclusão, é um dever e um direito de todos.

Um comentário:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Thais, muito interessante essa tua postagem. Certamente existem situações que extrapolam o que foi mencionado no texto, pois vivenciamos situações graves que demandam outras reflexões. Porém, penso que é pertinente que possamos pensar em formas de trabalhar o respeito e a justiça com os nossos alunos.Piaget nos dá uma pista. Abração, Sibicca