terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Questões que nortearam minha pesquisa

Lendo os textos de Questões Étnicos-Raciais, “Era uma vez uma menina muito bonita. Uma prática pedagógica relacionada com a questão racial em uma turma de alfabetização”. De Luciane Andréia Ribeiro Leite. E o texto SEMANA INDÍGENA: AÇÕES E EFLEXÕES INTERCULTURAIS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES Ana Maria Petersen, Maria Aparecida Bergamaschi e Simone Valdete dos Santos. Quero destacar algumas observações que fiz destes textos.
“Trabalhar sobre a discriminação racial nas Séries Inicias é ao mesmo tempo um tema indispensável e complexo. Indispensável porque é neste momento que a criança está em formação física, cognitiva e moral, sendo assim, a intervenção pedagógica poderá contribuir para que ela venha conviver nesta sociedade, de múltiplas configurações étnicas, religiosas, culturais, compreendendo essas diferenças e como são produzidas na sociedade.

Complexo, pois envolve não somente os preconceitos dos alunos/as, mas também dos próprios professores”. Mas o que vejo nas escolas é justamente o contrario, pois na hora de dividir as turmas para os professores, nenhum quer pegar aquela turma com problemas sociais, raciais ou com alunos com necessidades especiais, física ou mental. Todo professor quer aquele sonho de sala de aula, onde todos os alunos são felizes e iguais “. No caso do negro e a questão racial, vejo que é muito difícil para nós professores tomarmos uma posição adequada, pois somos formadores de opiniões e muitas vezes somos mal entendidos diante a uma situação. Os próprios alunos têm preconceitos, os negros se excluem e tem preconceitos com eles mesmos, ou muitas vezes querem se valer de sua condição racial para obter conquistas. Incluir os negros numa sociedade com oportunidades iguais não é sentir pena deles e achar que eles são menos capazes que os brancos. Mesmo que a situação no Brasil de discriminação é mais social do que racial. Eu vejo que um negro rico no Brasil é respeitado, mas o pobre, negro e favelado é discriminado e marginalizado mesmo antes de ser adulto.

No caso do texto da professora Luciane, ela achava que as crianças não tinham preconceitos? Vivendo no século XXI? Falta orientação para ela. A turma dela era tão preconceituosa que no primeiro dia de aula já íamos notar a depreciação ao negro. E vejo também que ela tinha medo de posicionar diante aos alunos. O professor não teve ter medo de posicionar diante suas convicções. O professor também não pode desconsiderar a vivencia que cada um já trás consigo, fazendo sempre um diagnóstico dos seus alunos.

Quando ela cita alguns livros e tipos de preconceitos que eles trazem pode se destacar também as pessoas magras, aquele tipo de conceito de felicidade, magra, olhos azuis e cabelos loiros.

“Trata-se também de um ‘racismo cordial’ na feliz expressão encontrada pela Folha de São Paulo, que, para fora, se mostra muito amável, mas na prática, reproduz hierarquias cristalizadas e intocadas”. (ibid. p. 156)

Penso que vivemos numa sociedade racista e temos consciência disso e não fizemos nada para modificar esta situação, estamos então na condição de racistas tanto quanto aquele que demonstra.
E o que posso destacar de mais importante no outro texto é que “Para abolir o” pintar as crianças de índio “e anunciar a existência de uma cultura indígena própria que luta por uma escola diferenciada, pela demarcação de suas áreas de terra ancestrais, pela sua sobrevivência”, não preciso dizer mais nada depois dessa frase, né!!!!

Por tanto pensar, trabalhar e agir sobre a discriminação racial e inclusão em minha sala de aula foi um trabalho riquíssimo que quero levar como lembrança dos momentos que passamos juntos. Pois deixei esta semana minha turma para seguir um novo caminho, não tive tempo de trabalhar tudo que planejava com eles, mas tenho a certeza que plantei uma sementinha de respeito ao próximo nos corações deles.

Falando em Inclusão

Segundo Vygotsky, as leis que regem o desenvolvimento da pessoa com eficiência mental são as mesmas que regem o desenvolvimento das demais pessoas. Aspecto este também presente nos processos educacionais (VYGOSTKY, 1997, 2003). Para ele, a criança cujo desenvolvimento foi comprometido por alguma deficiência, não é menos desenvolvida do que as crianças ‘normais’, porém é uma criança que se desenvolve de outra maneira. Isto é, o desenvolvimento, fruto da síntese entre os aspectos orgânicos, socioculturais e emocionais, manifesta-se de forma peculiar e diferenciada em sua organização sociopsicológica. Assim, não podemos avaliar suas ações e compará-las com as demais pessoas, pois cada pessoa se desenvolve de forma única e singular.

Vejo neste sentido que o primeiro passo para inserir estas crianças nas escolas regulares é ter a consciência de que elas são especiais, que existe uma deficiência sim, e que elas têm suas limitações como todas as outras crianças, pois cada uma tem a sua hora e seu momento de despertar, aprender é algo único, e como diz acima, singular.

Nessa forma entendo que a escola, e o papel do professor, são centrais para o desenvolvimento da criança, na medida em que pode proporcionar novas formas de construção do conhecimento.

O USO DA LITERATURA NA APRENDIZAGEM

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nÉ dentro da literatura, no maravilhoso mundo do faz-de-conta que a criança faz a leitura do seu próprio meio, quando internaliza as ações dos personagens e as retrata na sua vida real, sendo a educação a promotora deste papel essencial a todos os seres humanos: poderem desenvolver a liberdade de pensamento e ação.
nA capacidade de imaginar ajuda a criança a responder as suas próprias perguntas e a encontrar respostas para as questões mais inusitadas. Auxilia, também, na formação de conceitos do que é certo e errado, bonito e feio, bom ou mau, pois devido a sua grande capacidade sensitiva, a criança consegue captar as emoções e sensações vividas por cada personagem relatado.
nBettelheim (1980) argumenta que a literatura infantil, para que se torne significativa para a criança, precisa ser estimulante.
nDeve estimular-lhe a imaginação: Ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir situações para os problemas que as perturbam”. (p.13)
nDiversas formas de aprendizagem podem ser desenvolvidas principalmente através da literatura infantil;
nTorna a aprendizagem significativa, prazerosa e lúdica;
nProporciona o despertar dentro de si habilidades e competências;
nEstimula a criança para ser um hábil leitor;
nEsta pesquisa me proporcionou um retorno à sala de aula com um olhar mais investigativo, um olhar que difere daquele que tive em outras práticas pedagógicas, um olhar de pesquisadora que está em constante processo de aperfeiçoamento.
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Minhas concepções sobre AVALIAÇÃO

Falar em avaliação em qualquer parte da educação é sempre um desafio para nós professores, pois como diz o texto, sempre que somos observadores colocamos o nosso ponto de vista diante o caso.

Então avaliar alunos em condições de desvantagens (ainda que temporária), é sempre mais delicado ainda, pois ainda estamos aprendendo a conviver com a diferença, e esta convivência significa contribuir para a formação da vida do sujeito e de nós mesmos.

Para haver a inclusão na escola, ela precisa estar bem clara do seu papel e suas funções diante do que se quer. Inserção dos alunos na escola requer o envolvimento da mesma. A escola que não se envolve que não tem seu papel bem claro, não está de fato incluindo. Ela precisa pautar ações que vai além da sua mera transmissão de conhecimentos.

Contradições do texto e a realidade vejo que são poucas, o texto trabalha bem na realidade e não numa utopia de Educação. Como falei, a escola precisa estar envolvida para haver inclusão, e isto exige um esforço e uma reflexão de todo o coletivo sobre os objetivos educacionais, os quais deverão envolver os alunos como um todo, não adianta um só querer, a escola é de todos e para todos.

Mas é claro que como diz o texto: Uma das primeiras angústias apontadas por eles é a respeito da falta de qualificação para tratar com este “tipo de aluno”. Além disto, apontam para a incapacidade da escola no atendimento destes alunos, no que se refere a recursos humanos e equipamentos. Relatam que se sentem atemorizados diante da possibilidade de receberem alunos com inúmeras dificuldades para a aprendizagem, em relação aos demais.

E eu colocaria que nós professores não nos sentimos aterrorizados diante estes aspetos, mas sim cansados, não choca mais a realidade, mas noto que estamos todos cansados, pois a caminhada muitas vezes é solitária e cansativa. E nós estamos fazendo o melhor para e pela inclusão.

Observar o aluno durante este tempo foi muito bom, porque não existe receita de diagnósticos, ou seja, um laudo que diga tudo sobre aquele tipo de problema é preciso olhar o desenvolvimento individual, só é possível perceber os outros pontos de vista ao entrar em contato com eles.

Este aluno que observei está no 2º ano (no ensino de 9 anos) e portanto sua avaliação é através de parecer descritivo. Mas todo o aluno em condição de desvantagens é feito as notas normais, mas também um parecer descritivo, junto com a coordenadora da sala de recursos multifuncionais, pois assim ele terá maiores conhecimentos de suas etapas, o que ajudará o professor e o aluno. De acordo com as necessidades dos alunos a avaliação pode ser feita oralmente.

O processo de avaliação envolve as habilidades intelectivas, as adaptativas, as afetivo-emocionais, físicas/de saúde e as condições ambientais, para determinar o nível e a intensidade dos apoios a que as pessoas fazem juz para prosseguirem, com sucesso, seu processo educativo, de desenvolvimento e de aprendizagem. Eu preciso dar suporte para o meu aluno poder progredir, a sua avaliação depende muito do apoio que ofereço ao aluno.

A escola precisa estar voltada para autonomia, de seus atos e suas oportunidades. A escola precisa tratar alunos especiais de forma diferente sim, pois uma pedagogia que trata todos iguais produz o fracasso. Ensinar para aprender é proporcionar ajuda adequada e no momento específico para facilitar que o estudante vá construindo seu próprio conhecimento.

DIVERSIDADES

Um texto que atribuiu muito para minha formação durante a fornada na UFRGS foi de título “Diversidade”, neste texto trabalhei abordagens do meu dia a dia e minha experiência como docente, pessoa e formação teórica.

Escrevi este texto primeiro pensando como professora e o quanto é difícil trabalhar com alunos de inclusão sem ter muitas vezes nenhum apoio, nem da parte da escola e pedagógico. Estes alunos muitos vezes são matriculados em nossas escolas para se valer a lei e acrescer números no senso escolar. Que na realidade há uma integração deles na escola e não de fato uma inclusão. Eu não vejo o trabalho diferenciado, a proposta de trabalho diferenciado e sim uma escola já disse Mecanicista e Conteudista, exemplo disso é que este aluno que não lê (mesmo que por uma deficiência mental) e frequentou o 2º ano do ensino de 9 anos, não passa, e entra como repetente nos registros da escola.

Penso que inclusão é agir além da sala de aula, da escola, é mudar a vida de pessoas que nunca pensaram em agir de uma forma igual às outras. Pessoas que nasceram diferentes e de uma forma ou outra se veem como pessoas diferentes e muitos aceitam esta realidade.
Estamos numa era nas escolas que incluir é bonito, dá status para a escola que trabalha na inclusão, todos querem trazer para si esses alunos, tiram fotos e espoem para todo o município que estamos trabalhando em prol da lei. Mas no dia-a-dia não é isto que se vê, a escola continua mecanicista, e cheia de paradigmas, digo isto, pois por que conheço o meio e vejo que para uma inclusão verdadeira é preciso muito mais do que matricular estes alunos.
As escolas não se preparam para a inclusão, seus currículos continuam os mesmos, ou seja, acabam reprovando dois ou três anos aquele aluno especial, a escola vem tentando mudar seus grupos sociais, mas sem reformulação de conceitos e de conhecimentos será impossível fazer de fato uma escola inclusiva, ou seja, uma escola para todos.
Vejo que quando a escola romper estes paradigmas, de um ensino massificado e sem troca de experiências, e se tornar para todos, sem qualquer preconceito cultural, social, étnico ou religioso, ela se tornará uma escola inclusiva ao natural, exercendo sua democracia.
Trabalhar as diferenças é algo que precisa vir para enriquecer as aulas, para que se fale em direitos e deveres, em cidadania e vida, e não para tratar pessoas com pena, para se mostrar superior ou por obrigação. Os alunos precisam aprender com o outro, valorizar o que cada um tem de importante, de diferente e descobrindo seus talentos.
Para mim a escola ideal é aquele que vê a inclusão como um novo desafio, que busca soluções para suas dificuldades e que trabalha com os desejos dos alunos, com afetividade, que valoriza o que o aluno aprendeu HOJE e o que pode levar para vida, respeitando sua história de vida.
Acho que a palavra que mais simboliza a inclusão nas escolas é “Diversidade”, trabalhar a diversidade é trabalhar a inclusão no seu sentido mais significativo. A escola precisa trabalhar esta diversidade como uma forma de enriquecer o seu trabalho.
Carvalho (2000) utiliza para descrever a educação inclusiva, a metáfora do caleidoscópio, demonstrando assim a riqueza que se pode conseguir com a inclusão na escola regular. “O caleidoscópio foi escolhido, porque nele todos os pedacinhos são importantes e significativos para a composição da imagem. Quanto maior a diversidade, mais complexa e mais rica se torna a figura formada pelo conjunto das partes que a compõem” (p. 112). Desta mesma forma, a diversidade dentro da sala de aula, possibilitará um conjunto muito mais rico e complexo, com contribuições diversas para a construção da aprendizagem do grupo.
Vejo que a escola que não trabalhar com esta diversidade, juntando os pedacinhos e dando significado para a aprendizagem, não está respeitando e nem pode ser considerada uma escola inclusiva e sim uma escola que só integra os alunos, que é o que mais acontece com a maioria das escolas nos dias de hoje, elas buscam trazer esses alunos especiais para junto, mas não tem uma base sólida para incluir e eles acabam se tornando somente mais um.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Nunca vou esquecer....

São as perguntas que movem o mundo...

O pensamento é como a águia que só alça vôo nos espaços vazios do desconhecido. Pensar é voar sobre o que não se sabe. Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas. Para isso existem as escola: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre terra firme. Mas as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido”.

( ALVES, 83).

O Começo do Fim

Muitas vezes quando questionada pelas tutoras confesso que não tinha resposta para argumentar, mostrei evidências, com textos falando da realidade de diversos ângulos, mas, são questionamentos que faço todos os dias e não tenho respostas, qual o verdadeiro papel da escola, família, sociedade, onde estão os erros, qual o melhor caminho? Penso que não existe fórmula para isto, mas existem formas, e as escolas em geral, precisam se adequar a estas novas formas, deixar de ser fragmentada, desde sua estrutura até seu modo de pensar e planejar.

Esta nova escola precisa levar em consideração o ato de que o aluno é sujeito de sua aprendizagem, pois precisamos nos dar conta de que o processo natural de desenvolvimento do ser humano é “atropelado” pela escola e pelas equivocadas práticas de ensino. Buscar a informação em si, não basta. É apenas parte do processo para desenvolver um aspecto dos talentos necessários ao cidadão. Não importa a língua que a pessoa fale, à cor que tenha ou a idade, todos precisam, e têm direto, de estabelecer relações entre as informações e gerar o seu próprio conhecimento.