sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Aspectos Culturais

Durante o semestre cursando a interdisciplina de Linguagem lembrei-me de um caso bem intrigante que gostaria de relatar, não sei ao certo a autoria, mas é o caso de um aluno que não sabia escrever no 3º ano e escondia isso da professora, e sempre que ela mandava escrever um texto com determinado tema ele fazia de conta que estava escrevendo. E o mais interessante que quando solicitado para ler o texto na frente da turma ele lia (o papel em branco) e sua redação sempre era a mais bonita, a mais criativa. O aluno inventava tudo, de acordo com sua vivencia e conhecimento.
Como falta esta base, importassíma para o letramento e a alfabetização, a base de tudo, a família, o acompanhamento de um adulto, os saberes passados em gerações, os conhecimentos prévios, hoje as crianças vêm para a escola sem nenhum conceito de família, sem nenhuma bagagem positiva, somente aquelas marcas que agem negativamente na aprendizagem. A escola trabalha para verbalizar os conheciementos pré estabelecidos, é o saber ser e o saber dizer algo, ela transforma práticas sociais. Culpam a escola por todo o fracasso social que há no país. Colocam que o principal motivo da pobreza é a falta de escolarização e deixam de lado toda a falta de cultura de um problema social.
O Brasil está cheio de exemplos de pessoas com baixa escolaridade e muita ascensão profissional, pois a escola nem sempre ensina a pessoa ser empreendedora, que é uma das marcas do sucesso. Outro fato é que o analfabetismo é uma das principais razões do ciclo permanente de pobreza e subdesenvolvimento em que muitos países se en­contram. Como é comum ver pais analfabetos e filhos também, como é difícil quebrar este círculo, falta incentivo, motivação, para que haja uma mudança significativa na vida dessas pessoa.

Libras

Penso que todos nós temos nossas limitações de certa forma, e muitas vezes para não sofrer nenhum preconceito escondemos estas limitações, o que fica mais difícil para alguém surdo, assim ele mesmo se isola, por medo de discriminação. Mas precisamos mudar esta cultura começando pelas pessoas surdas, elas precisam aparecer ocupar seus espaços na sociedade, muitos se acham incapazes, preferem nem tentar se incluir na sociedade, às vezes, até por um cuidado exercível dos pais.
Eu acredito na inclusão, penso que a Escola, assim como toda a sociedade, precisa ter espaço para todos, sem discriminação, olhando como algo novo, um desafio, novas aprendizagens, como diz o texto, a pessoa surda só não ouve, mas é capaz de tudo mais.
Penso que se precisasse me comunicar com alguém surda faria gestos universais como mímica, e usaria a expressão labial também, pois não sei a linguagem de sinais.
Eles pertencem a uma comunidade, uma cultura. É um modo de vida. A surdez não consiste somente em uma deficiência sensorial, mas, sim, em algo mais complexo, pois consequências sociais da condição da surdez podem fazer com que o sujeito não consiga se comunicar com a sociedade de um modo geral, o que causa isolamento e discriminação para com essas pessoas.
Muitas vezes, o sujeito surdo transita entre essas duas culturas, a surda e a ouvinte; no entanto, sua identidade se constitui com a consciência de ser definitivamente diferente por necessitar de recursos completamente visuais. Essa oscilação entre os surdos e os ouvintes faz com que o sujeito surdo constitua, por vezes, sua identidade de forma fragmentada.
Para interagir com o sujeito surdo em primeiro lugar é preciso unir estas duas culturas, estabelecer uma identidade única para o surdo, pois o surdo não participa da sociedade ouvinte por falta de comunicação e nem nós da comunidade surda por falta de sinais.
Eu na verdade me considero analfabeta quando a língua de sinais é como se eu fosse surda em contato com esta cultura.

Ótimo Filme...

“Seu Nome é Jonas”
Jonas quando criança foi diagnosticada como retardado, ficando internado em um hospital por três anos. A família o retira do hospital, mas eles não conseguem comunicar-se com Jonas e vice-versa, resolvem coloca-lo em uma escola Estímulo x resposta, a professora recomenda o uso de um aparelho de surdez, não contribuindo muito. Pai de Jonas perde a paciência por muitas vezes chegando até rotula-lo de retardado, o pai o força a integrar-se em atividades do clube e todos o rejeitam, pensam que Jonas é incapaz de brincar normalmente como as outras crianças. A mãe, que não aceita a rejeição de seu filho pela sociedade e pelo próprio pai, continua uma luta tentando encontrar um meio em ingressar Jonas na sociedade, o leva então a uma escola onde tem treinamento, lá a diretora diz que é proibido a linguagem por sinais e gestos, essa escola acreditam que eles tornam-se preguiçosos para falar, achando que surdez não é algo possível de se conviver na sociedade. A professora o força a falar, usando um aparelho de surdez, mas que para Jonas não funciona. No parque ele tenta comunicar-se com as mãos com sua mãe pedindo que ela venha ver o que ele quer, ela não o compreende ele perde a paciência e a agride. O Pai preocupa-se muito com que as pessoas falam do Jonas, briga com a mãe e sai de casa. O avô de Jonas morre os dois conseguiam ter uma ótima relação os dois comunicavam-se através dos olhares, brincadeiras e gestos. Quando os dois estavam brincando seu avô cai morto no chão, Jonas sente muito, chegando a pegar dinheiro escondido para ir até a feira a procura do avô, ele perde-se o guarda com não o compreende o leva para o hospital, Jonas agita-se muito, como eles não sabem que ele não pode falar o amarram na cama. A mãe conhece uma família de surdos, e vai até um clube de surdos, onde todos se comunicavam, agora a mãe que se sente em outro mundo. Jonas e a mãe aprendem a Linguagem de Sinais e ele começa a interagir com todos a sua volta.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A humanidade é obra dela mesma

Esta semana li a seguinte frase do filosofo italiano Giambattista que diz: “A humanidade é obra dela mesma”. Tudo que estamos vivenciando são resultados de nossas ações, nossas aprendizagens vêm de nós mesmos, não nascemos inteligentes, nos tornamos inteligentes conforme o que vamos nos apropriando, vamos modificando nosso modo de pensar, nossa aprendizagem, nossa capacidade de aprender e mudamos nossa consciência sobre certo assunto.
Nossa aprendizagem pode estar fora do contexto social e cultural de onde estamos inseridos, pois podemos ir além, pois criamos a capacidade de aprender e buscar novos conhecimentos. O conhecimento liberta o ser humano, capacita, emancipa e o projeta para uma vida melhor. Estamos cheios de exemplos assim, pessoas com pais analfabetos de zonas rurais com poucas expectativas de sucesso na vida que se formam em faculdades, são médicos, advogados, relutando contra suas condições de abandono cultural e social.
E penso como a escola pode ajudar a criar este aluno que aprende a aprende? Não há formulas para isto e nem um único método eficaz para determinar como o aluno aprende, mas existem formas, podemos garantir que sem a teoria não dá, o professor precisa se apropriar de novas teorias que fundamentam a prática. A maioria dos professores quando são questionados do “porque” fazem assim, geralmente não sabem responder, não há um embasamento teórico, pois não existe uma fórmula para melhorar a aprendizagem, mas existem formas de se fazer melhor.
Se a humanidade é obra dela mesmo, se não nascemos inteligentes e nos tornamos de acordo com nossas apropriações, precisamos então buscar meios de crescer e dar oportunidades iguais para todos, fazer das escolas um espaço democrático, inclusivo e igualitário para todos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Concepções de EJA

Como ideologia, a alfabetização devia ser encarada como uma construção social que está sempre implícita na organização da visão de história do indivíduo, o presente e o futuro; além disso, a noção de alfabetização precisava alicerçar-se num projeto ético e político que dignificasse e ampliasse as possibilidades de vida e de liberdade humana.
A alfabetização precisa ter como significado para as pessoas a sua emancipação, isto é, o sujeito precisa fazer-se parte de uma sociedade em transformação através de movimentos culturais. O analfabetismo não é meramente a incapacidade de ler e escrever; é também um indicador cultural é a privação cultural.
Com a alfabetização as pessoas poderiam captar a importância de desenvolver esferas públicas democráticas como parte da luta da vida moderna no combate à dominação, bem como tomar parte ativa na luta pela criação das condições necessárias para tornar as pessoas letradas, para dar-lhes uma voz tanto para dar forma à própria sociedade, quanto para governá-la.
O analfabetismo não é um problema associado apenas aos pobres ou aos grupos minoritários, mas também é problema para aqueles membros de classe média ou alta que se retiraram da vida pública para dentro de um mundo de absoluta privatização, pessimismo e ganância. Portanto, para que venha a concretizar-se a alfabetização radical, o pedagógico deve tornar-se mais político e o político, mais pedagógico.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Leituras...

Leitura Cultura e Leitura Funcional

Nesta semana estive observando os hábitos de leitura em nossa escola e em casa, me perguntei o que de fato faz uma pessoa gostar mais ou menos de ler, porque existem pessoas que lêem um livro por mês e outras que nunca terminaram um livro? Qual o papel da escola, família e sociedade diante estes fatos? Penso que precisamos formal em nossas Escolas cidadãos que lêem por cultura que gostem de ler, que tornem este um hábito, porque todos têm direito de ter mais cultura em suas vidas, de ter acesso a ela.
O que a maioria das escolas estão formando são sujeitos que lêem de uma forma funcional, usam a leitura de uma forma mecânica, ela é centralizada no modo funcional da escola, ou seja, só se lê para produzir o conhecimento necessário, e não de uma forma descentralizada onde se busca o conhecimento como um todo, desenvolvendo um manifesto cultural.
Os alunos só lêem o que estão nos livros didáticos.
A leitura não pode ser somente escolarizada, ela precisa ultrapassar os muros da escola e atingir toda a comunidade. Promovendo assim uma diversidade cultural.
Penso que precisamos de ações de políticas públicas eficazes, onde possam surgir das escolas espaços de cultura e leitura para toda a sociedade.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Aprender - Uma questão de Cidadania

Existem muitos modos de se trabalhar com alfabetização de adultos, muitos tão certos e alguns nos decepcionam, pois não podemos brincar com a alfabetização ainda mais com adultos que tem tanto para nós ensinar e mesmo assim ainda arrumam tempo para aprender, é uma grande lição de vida, o começar algo que a vida não proporcionou em outro tempo. Algumas instituições procuram fazer da prática educativa de alfabetização também um desafio de ordem política, pois ao mesmo tempo em que trabalham com os códigos da aprendizagem da leitura e da escrita, procuram o desafio de ampliar os ganhos de consciência dos grupos populares ao refletir sobre a sua realidade e sobre o seu mundo.
Estas atitudes prejudicam os fatores de ordem social, pois todos sabem as condições que vivemos, todos conhecem a sociedade que exclui que marginaliza a maioria dos pobres, que não tão condições mínimas para a realização das camadas populares. Estes fatos devem ser discutidos, levados em consideração, mas é preciso ter claro que alfabetização é muito mais que isto e não demonstra a qualidade necessária para uma educação que visa à autonomia.
Precisamos considerar a experiência acumulada por este educando e suas hipóteses a respeito de como tal processo de escolarização se realizam.
Paulo Freire entende alfabetização como um ato de conhecimento, no qual "aprender a ler e escrever já não é, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas refletir criticamente sobre o próprio processo de ler e escrever e sobre o profundo significado da linguagem".
Ações assim tornam o homem construtor de seu conhecimento, partindo a aprendizagem do que sabem e não do que ignoram.
Precisamos deixar bem claro que não é o método que se elege que promove a alfabetização, mas é todo um conjunto de conhecimentos e a postura intelectual que adotamos com relação aos sujeitos e ao objeto da aprendizagem.
Assim como nós, que estamos no papel de educadores, crescemos e desenvolvemos ideias usando a leitura e nos expressando por escrito, os adultos não escolarizados podem estar procurando isso também.
A possibilidade de escrever está muito ligada ao valor que a proposta tem para cada um.

domingo, 11 de outubro de 2009

Libras

O que temos visto em nossas escolas e na sociedade em geral é que as famílias mudaram muito, já não são mais as mesmas de antes, e é lógico que isto implica em todos os tipos de comportamentos e condutas diante aos acontecimentos em gerais. Não há mais um único modelo de família tradicional e sim novos modelos reformulados de acordo com a sociedade onde estamos incluídos. Estas mudanças acabam afetando tanto as novas famílias como também aquelas onde existem casos de filhos surdos. Com toda esta reformulação é claro que todos acabam sofrendo mais, pois os papeis muitas vezes se invertem, sem contar que a sociedade é cada vez mais discriminatória e egoísta. Mas pensamos que para um pai ouvir um diagnóstico que um filho é surdo é algo desnorteador. Hoje o despreparo dos pais ainda é grande, muitos relatam que falta assistência e orientação, e muitos se sentem culpados e com medo, pois o desafio é muito grande.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Por que Projeto de Aprendizagem?

Alguns dos Motivos:
A aprendizagem através de P A tem orientado a prática pedagógica, para uma visão construtivista de solução de problemas – favorecimento da interatividade, da autonomia em formular questões, em buscar informações contextualizadas, da comprovação experimental e da análise crítica.
Este tipo de aprendizagem tem como um dos princípios atualizar fontes de informações e desenvolver novos talentos, competências em todas as áreas, impedindo que as defasagens aumentem. Desenvolver atitudes e valores para a convivência com autonomia e cooperação. Além de desenvolver novas habilidades para uma mesma profissão cujas atividades variam e se transformam rapidamente. O ideal é que as pessoas possam ser emergentes na profissão e vida.
Hoje os sistemas de ensino estão organizados para um modelo de funcionamento geral e padronizado. O PA vem para ajudar a atender os aprendizes como verdadeiros sujeitos de sua aprendizagem.
Para começar um projeto de aprendizagem, é importante ter definidos de quem são as dúvidas que vão gerar o projeto? Quem está interessado em buscar respostas?
No projeto quem é sujeito da sua aprendizagem é o aluno, temos encontrado que esta inversão de papéis pode ser muito significativa. Quando o aprendiz é desafiado a questionar, quando ele se perturba e necessita pensar para expressar suas dúvidas, quando lhe é permitido formular questões que tenham significação para ele, emergindo de sua história de vida, de seus interesses, seus valores e condições pessoais, para assim desenvolver a competência para formular e equacionar problemas. Quem consegue formular com clareza um problema, a ser resolvido, começa a aprender a definir as direções de sua atividade.
Usamos como estratégia levantar, preliminarmente com os alunos, suas certezas provisórias e suas dúvidas temporárias. E por que temporárias?
Pesquisando, indagando, investigando, muitas dúvidas tornam-se certezas e certezas transformam-se em dúvidas; ou, ainda, geram outras dúvidas e certezas que, por sua vez, também são temporárias, provisórias. Iniciam-se então as negociações, as trocas que neste processo são constantes, pois a cada idéia, a cada descoberta os caminhos de busca e as ações são reorganizadas,
replanejadas.
Quando iremos nos dar conta de que o processo natural de desenvolvimento do ser humano é “atropelado” pela escola e pelas equivocadas práticas de ensino?
Buscar a informação em si, não basta. É apenas parte do processo para desenvolver um aspecto dos talentos necessários ao cidadão. Os alunos precisam estabelecer relações entre as informações e gerar conhecimento. Não há interesse em registrar se o aluno retém ou não uma informação, aplicando um teste ou uma “prova” objetiva, por exemplo; porque isso não mostra se ele desenvolveu um talento ou se construiu um conhecimento que não possuía.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Grandes Pensadores

Didática

Pensadores da Escola Nova

JOHN DEWEY
Um de seus principais objetivos é educar a criança como um todo. O que importa é o crescimento – físico, emocional e intelectual. O princípio é que os alunos aprendem melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados. Atividades manuais e criativas ganharam destaque no currículo e as crianças passaram a ser estimuladas a experimentar e pensar por si mesmas. Nesse contexto, a democracia ganha peso, por ser a ordem política que permite o maior desenvolvimento dos indivíduos, no papel de decidir em conjunto o destino do grupo a que pertencem. Dewey defendia a democracia não só no campo institucional, mas também no interior das escolas.
A escola deve proporcionar práticas conjuntas e promover situações de cooperação, em vez de lidar com as crianças de forma isolada. Para ele o objetivo da Escola deveria ser ensinar a criança a viver no mundo. Ele estimava o professor que em vez de dar a resposta pronta ao aluno levava-o a pensar e a instigar sua mente. Para ele somente a inteligência libertará o homem. Em lugar de começar com definições ou conceitos já elaborados, deve usar procedimentos que façam o aluno raciocinar e elaborar os próprios conceitos para depois confrontar com o conhecimento sistematizado.

OVIDE DECROLY
Decroly foi um dos precursores dos métodos ativos, fundamentados na possibilidade de o aluno conduzir o próprio aprendizado e, assim, aprender a aprender. Alguns de seus pensamentos estão bem vivos nas salas de aula e coincidem com propostas pedagógicas difundidas atualmente. É o caso da idéia de globalização de conhecimentos – que inclui o chamado método global de alfabetização – e dos centros de interesse.
Ele acreditava que o ensino deveria se aproveitar das aptidões naturais de cada faixa etária. Decroly preferia o trabalho em grupos, uma vez que a escola, para ele, deveria preparar para o convívio em sociedade. Todo este modo de trabalhar e organizar a Escola por meios de centros de interesses dos alunos lembra muito a Escola da Ponte, e os projetos de aprendizagens (PA), eu concordo que a escola precisa trabalhar nestes centros de interesses estimulando seus saberes e construindo novos a partir de trocas de experiências bem sucedidas.

MARIA MONTESSORI
Individualidade, atividade e liberdade do aluno são as bases da teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente, sujeito e objeto do ensino. Penso que aprender é algo único, individual, aprendemos com o outro, no coletivo, mas nossas aprendizagens são únicas, o modo que aprendemos é único, depende de cada individuo.
O objetivo da escola é a formação integral do jovem, uma “educação para a vida”. Montessori elegeu como prioridade os anos iniciais da vida. Para ela, a criança não é um pretendente a adulto e, como tal, um ser incompleto. Desde seu nascimento, já é um ser humano integral, o que inverte o foco da sala de aula tradicional, centrada no professor.
Para ela o importante na aprendizagem é usar o concreto, pois crianças adoram tocar, cheirar, ver as formas, sentir...

CÉLESTIN FREINET
Para ele, a atividade é o que orienta a prática escolar e o objetivo final da educação é formar cidadãos para o trabalho livre e criativo, capaz de dominar e transformar o meio e emancipar quem o exerce. Diferentemente da maioria dos pedagogos modernos, o educador francês não via valor didático no erro. Ele acreditava que o fracasso desequilibra e desmotiva o aluno, por isso o professor deve ajudá-lo a superar o erro. “Freinet descobriu que a forma mais profunda de aprendizado é o envolvimento afetivo”, diz Rosa Sampaio.
Freinet criou as aulas-passeio e os cantinhos temáticos na sala de aula, que são usadas por quase todas as escolas nos dias de hoje, mas concordo que simplesmente construir estas técnicas não significa que são professores freinetiana, pois para tudo isto é preciso estar presente em sala de aula os objetivos de se fazer tal coisa, é preciso estar voltados para as condições sociais para assim promover uma aprendizagem significativa.

Educação é um Ato Coletivo

[...] ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho. A educação
deve ser um ato coletivo, solidário – um ato de amor, não pode ser
imposta. Educar é uma tarefa de trocas entre pessoas e, se não pode ser
nunca feita por um sujeito isolado [...] Há sempre educadores-educandos
e educandos-educadores. De lado a lado se ensina. De lado a lado se
aprende (BRANDÃO, 2006, p. 21-22).


Uma prática de alfabetização crítica precisa ser sensível as condições históricas, sociais e culturais que contribuem para as formas de conhecimento e de significado que os alunos trazem para a escola, fomentando a individualidade como parte de um projeto moral e político para uma ação social transformadora. A alfabetização política cultural exige repensar o currículo compreendendo-o como um instrumento que representa um conjunto de interesses que devem ser postos, examinados e debatidos criticamente e que permita que as diversas vozes escolares sejam ouvidas, confirmando e legitimando as experiências que dão sentido às próprias vidas. Não somente a educação de Jovens e Adultos, como a educação toda representa uma possibilidade que pode contribuir para efetivar um caminho e desenvolvimento de todas as pessoas, de todas as idades. Planejar esse processo é uma grande responsabilidade social e educacional, cabendo ao professor no seu papel de mediar o conhecimento, ter uma base sólida de formação.
Hoje, percebe-se que aprender é um direito básico de todos e uma necessidade individual e social de homens e mulheres. O domínio da leitura e da escrita e a habilidade em produzir textos são um divisor social que discrimina e inferioriza os sujeitos que não os possuem. Ler e escrever bem são condições para que o sujeito não seja excluído. Na educação de jovens e adultos precisamos contar com profissionais abertos à troca de experiências, dispostos a aprender com o outro, que vibram com o avanço da aprendizagem em seus alunos e acreditam em suas capacidades, respeitando as diferenças sociais, culturais, religiosas, enfim, respeitando o direito do outro em ser ímpar, mas ao mesmo tempo sendo respeitado em seus direitos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

empowermet

Esta semana lendo o texto da interdiciplina EJA precisei pesquisar a palavra empowerment, na qual nunca havia lido e relacionar ela com a educação, principalmente a alfabetização de jovens e adultos e adorei, pois se trata de liberdade, liderança autonomia e desenvolvimento, palavras que tem tudo a ver com os cidadãos que queremos formar tanto como na EJA como na Escola toda.
Ex.
O empowerment se assenta em quatro bases principais:
Poder – dar poder às pessoas, delegando autoridade e responsabilidade em todos os níveis da organização. Isso significa dar importância e confiar nas pessoas, dar-lhes liberdade e autonomia de ação.
Motivação – proporcionar motivação às pessoas para incentivá-las continuamente. Isso significa reconhecer o bom desempenho, recompensar os resultados, permitir que as pessoas participem dos resultados de seu trabalho e festejem o alcance de metas.
Desenvolvimento – dar recursos às pessoas em termos de capacitação e desenvolvimento pessoal e profissional. Isso significa treinar continuamente, proporcionar informações e conhecimento, ensinar continuamente novas técnicas, criar e desenvolver talentos na organização.
Liderança - proporcionar liderança na organização. Isso significa orientar as pessoas, definir objetivos e metas, abrir novos horizontes, avaliar o desempenho e proporcionar retroação.

E o que queremos quanto à pedagogos?
Como ideologia, a alfabetização devia ser encarada como uma construção social que está sempre implícita na organização da visão de história do indivíduo, o presente e o futuro; além disso, a noção de alfabetização precisava alicerçar-se num projeto ético e político que dignificasse e ampliasse as possibilidades de vida e de liberdade humana.
A alfabetização precisa ter como significado para as pessoas a sua emancipação, isto é, o sujeito precisa fazer-se parte de uma sociedade em transformação através de movimentos culturais. O analfabetismo não é meramente a incapacidade de ler e escrever; é também um indicador cultural é a privação cultural.
Com a alfabetização as pessoas poderiam captar a importância de desenvolver esferas públicas democráticas como parte da luta da vida moderna no combate à dominação, bem como tomar parte ativa na luta pela criação das condições necessárias para tornar as pessoas letradas, para dar-lhes uma voz tanto para dar forma à própria sociedade, quanto para governá-la. O analfabetismo não é um problema associado apenas aos pobres ou aos grupos minoritários, mas também é problema para aqueles membros de classe média ou alta que se retiraram da vida pública para dentro de um mundo de absoluta privatização, pessimismo e ganância. Portanto, para que venha a concretizar-se a alfabetização radical, o pedagógico deve tornar-se mais político e o político, mais pedagógico.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Uma Dívida Social - EJA

Cury (2000:3) já apontava “... segundo as estatísticas oficiais, o maior número de analfabetos se constitui de pessoas: com mais idade, de regiões pobres e interioranas e provenientes dos grupos afro-brasileiros.”
Lendo este pequeno parágrafo, o parecer CEB 11/2000 e o texto de Martha Kolh de Oliveira, penso: quem são estas pessoas que procuram a EJA hoje para estudar, porque ficaram fora da Escola no seu “tempo normal”? No parágrafo de Cury ainda podemos acrescentar as mulheres, que por muito tempo ficaram fora da Escola por descriminação e voltadas aos afazeres domésticos, e os deficientes que somente hoje estamos trabalhando para sua inclusão.
De acordo com as bases legais vigentes – amparadas na Constituição Federal de 1988 e retomadas na LDB - o princípio chave da educação de jovens e adultos é o que diz que a educação visa o desenvolvimento do indivíduo e o seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação profissional.
Então podemos partir do princípio que somente na Escola estes se tornarão cidadãos? E quantos que vemos que trabalham, sustentam dignamente uma família, votam, e não são escolarizados? A educação qualifica, melhora, aprimora o que já existe, levando em conta seus saberes.
Paulo Freire já nos dizia que a Educação de Adultos é melhor entendida quando a situamos como Educação Popular: A Educação de Adultos, virando Educação Popular, torna-se mais abrangente. Certos programas como alfabetização, educação de base em profissionalização ou em saúde primária são apenas uma parte de trabalho mais amplo que se sugere quando se fala em Educação Popular (1995, p. 13-14).
O conteúdo principal da EJA precisa ser a conscientização, o sujeito precisa buscar a leitura de mundo e não só da palavra.
É preciso deixar claro que não é apenas a educação, e no caso a EJA, que vai dar conta de reparar sozinha, esta dívida social. Contudo, é no ambiente da cultura escolar como um espaço democrático de conhecimento que podemos buscar uma sociedade menos desigual, tendo como primeiro passo nesta caminhada o reconhecimento da educação enquanto espaço formal, a escola com qualidade, entendida como um direito civil antes negado para estes jovens e adultos.
A sociedade tem esta dívida com a população, mas não podemos esquecer que o problema não é somente pedagógico e sim social e político, basta olharmos quem são as pessoas sem escolaridade para ver o tipo de sociedade que excluiu estas pessoas. “Esquecemos que o analfabetismo é a expressão da pobreza, conseqüência inevitável de uma estrutura social injusta.” (GADOTTI, 1995, p.28). Que princípios queremos para nossa sociedade, libertador ou igualitária?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ler é saber

Antigamente se acreditava que o conhecimento era transmitido, que passava de uma pessoa para outra. É claro que, por mais que se esforçasse talvez nosso professor de Português não tivesse conseguido nos transmitir as regras de concordância nominal ou verbal, por exemplo. Regras estas que muitos de nós não aplicamos corretamente no dia a dia. Mas mesmo assim passamos de ano e sempre que necessário estamos pesquisando para poder escrever uma carta mais formal ou tirar uma dúvida de um aluno. Na verdade o que “aprendemos” na época não é um conhecimento de fato, pois penso que uma das características da aprendizagem é ser aplicável. Ou seja, dificilmente falamos no modo correto e escrevemos, não faz parte do nosso dia a dia a fala e a linguagem culta do Português. Não basta saber algo, precisamos usá-lo.
Pesquisando observei em algumas estatísticas que 46,8% dos alunos de 14 anos não sabem ler e escrever.
A pesquisa considera analfabeto funcional a falta de domínio de habilidades como leitura, escrita, cálculos, ciências, em correspondência a uma escolaridade de até três anos do Ensino Fundamental ou antigo primário.
Entretanto, é necessário chamar atenção de que, sendo a leitura uma atividade, uma conduta, uma ação que implica níveis de desempenho, determinadas habilidades e competências, o ato de ler nem sempre é passível de objetivação. Ele também implica motivos, desejos, paixões, vontade, enfim um conjunto de fatores. As habilidades de ler e de escrever, por exemplo, são habilidades que, quando aprofundadas, implicam outras habilidades como as de observar, perceber, analisar, interpretar, transformar informações em conhecimento, etc.
É a partir da leitura que o aluno pode compreender e entender a realidade em que está inserida e chegar a importantes conclusões sobre o mundo em que vive e os aspectos que o compõem. A habilidade de leitura é essencial e do suporte para o estudo de outras áreas do conhecimento, essas habilidades ultrapassam a uma simples decodificação, na verdade, vão além da própria compreensão do que foi lido.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Comenio "O pai da didática"

Fiquei muito impressionada pela atualidade do texto de Comenio “o pai da didática”, não havia lido nada sobre ele e me surpreendi como um texto de 300 anos fala sobre o brincar como forma de aprendizagem, mostra letras, palavras e figuras para dar significado à alfabetização, e como relata uma educação para todos.
Concordo que seus pensamentos são atuais principalmente quando defende o ensino de "tudo para todos", respeitando a inteligência e os sentimentos da criança e as práticas de aprender brincando que pensamos ser tão atual, elementos estes que fazem parte do meu contexto de trabalho.
Exemplo disso é quando se fala de uma escola em que as crianças são respeitadas como seres humanos dotados de inteligência, aptidões, sentimentos e limites, logo pensamos em concepções modernas de ensino. Assim como acreditamos que o direito de todas as pessoas – absolutamente todas – à educação é um princípio que só surgiu há algumas dezenas de anos.
Ele fala em um ensino não superficial, mas sólido com consistência de ensino e prazer, algo que seja real para os alunos e que faça sentido para suas vidas.
Didática significa arte de ensinar. E esta arca como ele coloca precisa ser melhorada, precisamos buscar novos elementos para os alunos aprendam melhor.
Para Comenio: A educação deveria começar pelos sentidos, pois as experiências sensoriais obtidas por meio dos objectos seriam internalizadas e, mais tarde, interpretadas pela razão.
É o que chamamos de vivencia, e base hoje em nossas Escolas, pois queremos que nossos alunos esperimentem, construam atraves de suas experiencias novas aprendizagens, aprimorando o intelecto.
Penso que cada autor tem sua época e suas razões de ver a didática com seus olhos, mas o que impressiona, como já falei, é o tempo e a durabilidade seus ensinamentos. Vejo que precisamos respeitar todos os autores atuais mas nunca esquecer o passado.
A educação será sempre alvo de controvérsias entre os estudiosos. Não é uma coisa sobre a qual se possa garantir êxito indiscutível, daí ter dito Jeffreys (1975:13):
A educação, como a democracia, é um processo lento e cheio de riscos. Pode sair errado, e pode falhar. Nada lucramos alimentando ilusões a respeito da eficácia da educação. Acreditamos na educação, assim como acreditamos na democracia, porque a alternativa seria o desespero final da humanidade. Mas nem a educação nem a democracia podem valer mais do que o povo que as põe em prática.”
É a valorização do professor, é a formação continuada e qualidade no ensino, que falta tanto em nosso país, e que buscar soluções, mas nunca desacreditar.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Construtivismo

Tudo que vejo de bom no construtivismo principalmente é que o aluno participa ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estimulo a dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos. A partir de sua ação, vai estabelecendo as propriedades dos objetos e construindo as características do mundo.
Noções como proporção, quantidade, causalidade, volume e outras, surgem da própria interação da criança com o meio em que vive. Vão sendo formados esquemas que lhe permitem agir sobre a realidade de um modo muito mais complexo do que podia fazer com seus reflexos iniciais, e sua conduta vai enriquecendo-se constantemente. Assim, constrói um mundo de objetos e de pessoas onde começa a ser capaz de fazer antecipações sobre o que irá acontecer.
O método enfatiza a importância do erro não como um tropeço, mas como um trampolim na rota da aprendizagem. A teoria condena a rigidez nos procedimentos de ensino, as avaliações padronizadas e a utilização de material didático demasiadamente estranho ao universo pessoal do aluno. As disciplinas estão voltadas para a reflexão e auto-avaliação, portanto a escola não é considerada rígida.

O construtivismo leva tempo, trás desafios para os alunos e professores, mexe com o todo, trás mudanças na classe e na escola. Encomoda ás vezes, pois é mais simples repassar o que está pronto do que criar, e recriar. Construtivismo é um diferencial nas escolas, e mais ainda aquela escola que mescla estes conceitos, que busca diferentes tipos de metodologia, sempre pensando que aprender é algo único, e as vezes precisamos muito mais de uma teoria para conseguir o sucesso.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

CONAE

Conae – Conferência Nacional de Educação

Gostaria de colocar nesta semana, como foi importante discutir entre professores, funcionários e pais, algumas metas para a educação. Penso que este é o começo de uma democracia, de uma educação igualitária, de boa qualidade e para todos.
Minha escola ficou para debater com o eixo VI – Justiça Social, Educação e Trabalho: Inclusão, Diversidade e Igualdade, que veio de encontro com a proposta de trabalho da escola e com nossas interdisciplinas cursadas neste semestre.
Em certo momento até subestimei as pessoas que iriam participar do debate – pais – pois vejo que muitos não lutam por seus direitos e são acomodados quanto à políticas públicas. Mas me surpreendi, pois o que foi falado e levantado no debate, são fatos ocorridos em todos os lugares e que os pais sabem muito bem que precisam cobrar e melhorar.
Ficou excelente, falamos sobre igualdade entre raças, etnias, orientação sexual, pessoas com deficiência física, transtornos, usamos exemplos diretos na comunidade, exemplo de jornais, novelas, revistas, e debatemos como lidar com o preconceito, com a discriminação, superando as desigualdades sociais.
Os pais colocaram suas angústias, quanto a racismos de negros, pobreza, e falta de cultura em geral. Vários pais relataram suas experiências com várias situações, as professora também relataram as dificuldades em atender alunos especiais; falando de uma vez que a escola tinha um cadeirante e a escola não estava preparada, materialmente, para esta inclusão e precisou de adaptar com recursos próprios. E outro aluno com paralisia mental, que alguns pais tiveram resistência para aceitar este aluno. Mas relatamos como as crianças aprenderam para toda a vida a respeitar o outro e suas diferenças.
Buscamos o que é de direito de todos, valorizando o profissional, incluir é uma coisa, integrar é outra, o que está acontecendo em nossa sociedade é mais uma integração do que inclusão de verdade, pois falta o apoio de profissionais adequados para trabalhar, como psicopedagogos, fonoaudiólogos, neurologistas, psiquiatras e outros profissionais. Os pais relatam a angústia que um pai passa quando precisa de uma ajuda desses profissionais no SUS. È um descaso com a parte mais pobre e humilde, pois não bastam leis e projetos, se de fato não temos o que é de direito básico, saúde e cidadania.
O que está previsto em lei no documento referencial é ótimo, discutimos e concordamos com todos os itens, mas será que isto sairá do papel? Esta foi nossa grande dúvida, pois temos certeza que a escola está aberta para esta transformação, e os pais também estão se adaptando com a realidade, mas o governo? O que podemos esperar de concreto?
O que sentimos é que nunca se falou tanto em Educação e seus parâmetros, mas falta mais a prática, a ação, precisamos melhorar, entre tantos setores, principalmente o setor de educação e saúde, pois assim estaremos garantindo um futuro melhor para todos.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Destroços...

"Toda destruição conta uma história desde que saibamos ler os destroços".

Como é difícil falar em teorias sobre a agressividade, quando estamos vivendo numa era em que os colégios mais parecem um lugar de luta livre. Nós (educadores) já estamos até acostumados a tudo isto, mas se vêm uma pessoa qualquer na hora do recreio e se depara com aquelas crianças correndo iguais “loucas” e gritando, se apavora. E nós professores, muitas vezes parecemos mais bombeiros apagando o incêndio do que educadores. E não é por falta de tentativas de brincadeiras, projetos e organização, estas mesmas duram 5 minutos e depois já vira bagunça.
Lendo nesta semana o texto Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança? Jaqueline Picetti. Que fala sobre Piaget, pensei como ele pôde disser que a violência nas escolas, de crianças entre 7 a 10 anos, pode ser uma fase em que eles precisam aprender a se defender, quando eles não têm intenção de machucar, mas sim somente se defender.
É possível afirmar que as crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental (7 – 10 anos) estão construindo as noções de justiça, solidariedade, intencionalidade e responsabilidade. Esse processo tem características peculiares que incidem no comportamento. Durante essa construção, é importante que o professor esteja atento aos acontecimentos, pois ele poderá auxiliar as crianças a refletirem sobre as diferentes situações vivenciadas na escola.
Piaget (1994) observou que, até em torno dos dez anos, os atos são avaliados segundo seus resultados, independente das intenções.
Piaget (1994) também constatou, em seus estudos, que há dois tipos de reações em relação às sanções (punições): num primeiro momento do processo, a criança considera a sanção necessária e quanto mais severa ela for, mais justa o será; num segundo momento, as crianças consideram justas as sanções que exigem uma restituição. Acreditam que a sanção deve corresponder exatamente ao ato cometido, para que o culpado sofra as conseqüências de sua falta.
Penso que ele tem razão, mas não é só isto, a situação está mais agravante, em minha escola, por exemplo, existem crianças do Pré levando faca para a aula para ferir o amigo. Está teoria pode funcionar em crianças com uma estrutura familiar, onde ela seja corrigida, tenha bons exemplos e possa discernir o certo do errado. Como hoje a maioria das famílias não tem mais aquela base para a construção de valores, eles acabam aproveitando esta fase e se tornando crianças agressivas até as últimas conseqüências.
Coloquei esta frase no início falando justamente sobre o fato de existir esperança, as maiorias das escolas estão abertas para ajudar as famílias, muitas famílias estão desestruturadas, mas não é por que querem, mas muitas são vítimas da própria sociedade que exclui pessoas menos favorecidas.
Saber ler os destroços é um papel para toda sociedade, é um processo de inclusão, é um dever e um direito de todos.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Ter ou não Ter....

Esta semana quero falar sobre Filosofia, e o texto de Adorno, como escrevi no meu webfólio, de início não gostei muito do texto e a comparação do autor entre educação e a segunda guerra mundial. Mas sei que tudo que somos hoje, nosso sistema capitalista e a vontade de ter mais do que ser, são reflexos de uma guerra de poder e soberania. Mas o mundo está tão diferente, tenho olhos otimistas e vejo um mundo melhor em cada escola e em cada criança.
Mas algo em Adorno está muito presente nos dias de hoje e notei esta semana mesmo: como de vítimas passamos para culpados. Nossas crianças hoje são vítimas de um sistema capitalista que nós mesmos criamos e (opinião minha) adoramos, pois quem não gosta de “ter”, quem não quer “ter”? Trabalhamos para isto e estamos sempre nos queixando que nosso salário não dá para ter tudo. Os nossos dias passam tão ligeiro, que nem percebemos o quanto estamos envolvidos neste sistema, que sempre alguém ganha, onde o lucro é inevitável e imprescindível.
Somos todos vítimas, de um lado ou de outro, somos vítimas, mas ocupamos o papel de culpados por que se temos muito estamos destruindo a natureza, por que roubamos, estamos agredindo alguém, mas como não querer ter, se o mundo diz a toda hora que se você não têm você não é nada?
Adorno por sua vez tem uma visão bem pessimista diante da civilização atual, onde muitos pensadores ficam em cima do muro, achando que o amor irá vencer todos os mares e assim reinará, por outro lado ele diz que a espécie humana está muito próxima da barbárie. Como se fosse um retorno aos tempos da segunda guerra mundial e ao campo de Auschwitz.
Então somos culpados ou vítimas dessa sociedade que nós mesmos criamos?
Confesso que tenho minhas dúvidas, mas que precisamos mudar nossas atitudes mesmo sendo em qualquer papel que ocupamos, isto precisamos mesmo. Vítimas ou culpados precisamos mudar nossa visão de mundo e evitar as barbáries que nos rodeiam.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Inclusão

Lendo os textos indicados do livro, percebi o quanto é importante e necessário discutirmos e principalmente o entendimento sobre o assunto da inclusão, bem como o conhecimento que temos que ter sobre o aluno para melhor poder ajuda-lo.
Como já falei anteriormente em meu blog, acho que não podemos ter um aluno em nossa escola com algum tipo de deficiência simplesmente para integra-lo, sem de fato que acha uma inclusão. E como fazer esta inclusão se não tivermos a informação? Falar em inclusão é falar de todo, é ver a escola como uma entidade ruptora de fragmentos, uma escola que faz a diferença.
Gostei do estudo da plasticidade neural vem nos demonstrar que o ser humano é ilimitado e que, apesar das condições genéticas ou neurológicas, o ambiente tem forte intervenção nesses fatores. Quanto mais o meio promove situações desafiadoras ao indivíduo, mais ele vai responder a esses desafios e desenvolver habilidades perdidas ou que nunca foram desenvolvidas. Se propusermos situações de acordo com a limitação da criança, ela não encontrará motivos para se sentir desafiada. Uma criança com atraso no desenvolvimento
motor, ou com uma paralisia cerebral, quando incluída em ambiente escolar inclusivo, tem inúmeras razões para se sentir provocada a desenvolver habilidades que não desenvolveria em um ambiente segregado.
Outro fato é a importância da Educação Infantil para o processo de inclusão, o quanto mais cedo a criança ser estimulada maior o aprendizado, vejo que uma criança com deficiência o que ela mais precisa é tempo, ela tem seu tempo e precisa ter seu espaço e que isto seja respeitado.
Buscando construir bases e alicerces para o aprendizado, a criança pequena com deficiência
também necessita experimentar, movimentar-se e deslocar-se (mesmo do seu jeito diferente); necessita tocar, perceber e comparar; entrar, sair, compor e desfazer; necessita significar o que percebe com os sentidos, como qualquer outra criança de sua idade.
Hoje, é indiscutível o benefício que traz, para qualquer criança, independentemente de sua condição física,intelectual ou emocional, um bom programa de educação infantil.
A criança bem como o todo o seu redor não podem negar a deficiência, demonstrando que é necessário assumi-la para superá-la.
Ser diferente é normal quando olharmos com olhos de superação e observando que todos tem seu tempo e que ter uma deficiência não significa necessariamente que ele seja incapaz; a incapacidade poderá ser minimizada quando o meio lhe possibilitar acessos.
Para terminar destaco uma parte do texto que diz:”Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que
gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado
normal para o ser humano.
Eu acrescentaria a palavra “algumas”, antes de atividades, pois acredito que deficiência gera incapacidade mas para algumas atividades e não generalizando.
“... deficiência não torna as pessoas com poucas possibilidades, mas sim com possibilidades diferentes” . Vigotsky

terça-feira, 12 de maio de 2009

Diversidades

Penso que inclusão é agir além da sala de aula, da escola, é mudar a vida de pessoas que nunca pensaram em agir de uma forma igual às outras. Pessoas que nasceram diferentes e de uma forma ou outra se veem como pessoas diferentes e muitos aceitam esta realidade.
Estamos numa era nas escolas que incluir é bonito, dá status para a escola que trabalha na inclusão, todos querem trazer para si esses alunos, tiram fotos e espoem para todo o município que estamos trabalhando em prol da lei. Mas no dia-a-dia não é isto que se vê, a escola continua mecanicista, e cheia de paradigmas, digo isto, pois por que conheço o meio e vejo que para uma inclusão verdadeira é preciso muito mais do que matricular estes alunos.
As escolas não se preparam para a inclusão, seus currículos continuam os mesmos, ou seja, acabam reprovando dois ou três anos aquele aluno especial, a escola vem tentando mudar seus grupos sociais, mas sem reformulação de conceitos e de conhecimentos será impossível fazer de fato uma escola inclusiva, ou seja, uma escola para todos.
Vejo que quando a escola romper estes paradigmas, de um ensino massificado e sem troca de experiências, e se tornar para todos, sem qualquer preconceito cultural, social, étnico ou religioso, ela se tornará uma escola inclusiva ao natural, exercendo sua democracia.
Trabalhar as diferenças é algo que precisa vir para enriquecer as aulas, para que se fale em direitos e deveres, em cidadania e vida, e não para tratar pessoas com pena, para se mostrar superior ou por obrigação. Os alunos precisam aprender com o outro, valorizar o que cada um tem de importante, de diferente e descobrindo seus talentos.
Para mim a escola ideal é aquele que vê a inclusão como um novo desafio, que busca soluções para suas dificuldades e que trabalha com os desejos dos alunos, com afetividade, que valoriza o que o aluno aprendeu HOJE e o que pode levar para vida, respeitando sua história de vida.
Acho que a palavra que mais simboliza a inclusão nas escolas é “Diversidade”, trabalhar a diversidade é trabalhar a inclusão no seu sentido mais significativo. A escola precisa trabalhar esta diversidade como uma forma de enriquecer o seu trabalho.
Carvalho (2000) utiliza para descrever a educação inclusiva, a metáfora do caleidoscópio, demonstrando assim a riqueza que se pode conseguir com a inclusão na escola regular. “O caleidoscópio foi escolhido, porque nele todos os pedacinhos são importantes e significativos para a composição da imagem. Quanto maior a diversidade, mais complexa e mais rica se torna a figura formada pelo conjunto das partes que a compõem” (p. 112). Desta mesma forma, a diversidade dentro da sala de aula, possibilitará um conjunto muito mais rico e complexo, com contribuições diversas para a construção da aprendizagem do grupo.
Vejo que a escola que não trabalhar com esta diversidade, juntando os pedacinhos e dando significado para a aprendizagem, não está respeitando e nem pode ser considerada uma escola inclusiva e sim uma escola que só integra os alunos, que é o que mais acontece com a maioria das escolas nos dias de hoje, elas buscam trazer esses alunos especiais para junto, mas não tem uma base sólida para incluir e eles acabam se tornando somente mais um.

terça-feira, 5 de maio de 2009

A escola educa, mas não muda o caráter das pessoas

“Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos, na prática social que tomamos parte.” (Paulo Freire)

Adorei o filme “O clube do imperador” e refleti muito diante da atitude do professor na minha casa. Até quando vamos nos permitir ver tantos casos iguais a este em nossa sociedade e nunca falarmos sobre o assunto. O caráter das pessoas está sendo moldado de qualquer forma, estamos diante de uma juventude que se comporta como o aluno Bell do filme, que é corrupto, mau caráter e manipula tudo. A família desenvolve um papel fundamental nesse aperfeiçoamento, assim como a escola, os amigos e o trabalho. O filme mostra bem isso que só a escola, não tem força para mudar sozinha, o caráter do ser humano. É preciso que todos trabalhem juntos, mas não é o que a sociedade vem nos mostrando.
Ultimamente só a escola vem trabalhando em prol dos bons costumes e a construção do caráter, e assim mesmo ainda vemos professores, que como seres humanos, se enganam e apostam em alguns alunos que não mudam e sim nos decepcionam.
O problema hoje é a parte social, é uma sociedade que abandona que exclui que marginaliza e banaliza tudo que é bom e verdadeiro. Faz apologia ao crime, ao uso de drogas e mostra que para ser feliz existe um patrão de beleza e atitudes a serem seguidas, as mesmas que os tornam escravos de suas próprias decisões, ou seja, o jovem não tem atitudes próprias, não pensa por ele mesmo e não sabe respeitar o outro.
No filme a educação paterna foi mais forte, mesmo com a aposta do professor. Nem todos os casos são assim, mas esta é uma dura realidade.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Aprendizagens

“A aprendizagem é a nossa vida, desde a juventude até a velhice, de fato quase até a morte; ninguém vive durante dez horas sem aprender”.Paracelso. É uma loucura nossa vida de estudantes, trabalhadores e muito mais. Às vezes parece que vamos enlouquecer mesmo, mas aí penso o que seria de nossas vidas sem esta aprendizagem, sem esta convivência com o saber, sem este amor por aquilo que víssemos durante anos de nossas vidas?
Falo este texto, pois estudando Piaget está semana me veio a duvida em qual das inteligências é a mais importante hoje em dia? Piaget coloca assim: Podemos definir que, segundo Piaget, o que mantém constante é a ordem dos estágios, mas a interação é única para cada individuo. E o que dirá se um sujeito se encontra em um ou outro período de desenvolvimento não será a sua idade, mas sua interação com o objeto do conhecimento, sua maneira de pensar, refletida no modo como lida com seus problemas da realidade. Os problemas com a realidade são os que mais me assuntam hoje em dia, pois cada vez mais nos deparamos com crianças sem nenhuma estrutura emocional para lidar com os conflitos do dia-a-dia, os quais são cada vez maiores também.
As crianças hoje estão tendo que levar uma vida de adulto, convivendo com dificuldades e questões sobre humanas. São crianças desnutridas, doentes, sem higiene nenhuma, sem carinho, apoio psicológico e totalmente menosprezada pela família.
E então eu pergunto como eles vão aprender algo? Eu costumo dizer que a escola e 4 contra 20. Pois são 4 horas na escola, onde ensinos, passamos valores e aprendizagens, contra 20 horas em casa, onde são desvalorizados, maltratados e esquecidos. Onde nossa sociedade vai parar assim?
Para (INHELDER, BOVET e SINCLAIR, 1977, p. 27). “A influência do meio social pode figurar como fator explicativo de certas aprendizagens ou se a influência do meio está, ela própria, subordinada aos mecanismos reguladores de equilibração”.
Coloco então que como o fator social pode figurar como fator explicativo em certas aprendizagens, ele também pode relacionado na dificuldade na aprendizagem.
Penso, contudo, que o que mais vale hoje em dia é a capacidade do equilíbrio emocional. É você conseguir lidar com seus problemas da realidade, é manter-se forte diante das frustrações e stress. Esta geração não sabe escutar, não sabe ouvir não, não suporta pressões, por que não tem uma base forte, familiar, concreta, onde podem se apoiar e crescer.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Novos conceitos/ velhos defeitos

É com o outro, pelo gestos, pelas palavras, pelos
toques e olhares que a criança construirá sua
identidade e será capaz de reapresentar o mundo
atribuindo significados a tudo que a cerca. Seus
conceitos e valores sobre a vida, óbelo, o bom, o
feio, entre outras coisas, começam a se constituir
nesse período.( SANTANA,2006.p.29)

Entendendo que silenciar-se diante do
problema não apaga magicamente as diferenças, e ao
contrário, permite que cada um construa, a seu modo, um
entendimento muitas vezes estereotipado do outro que
lhe é diferente. CAVALHEIRO, 2006.p21)

Na obra de Júlio Emílio Braz ,ele escreve :
O preconceito é mais velho do que a consciência e do que a inteligência. Invariavelmente nasce da ignorância , do medo e da incompreensão. O preconceito aparece na gente muito antes do que imaginamos e falo na gente com a maior sem-cerimônia do mundo, pois muitas vezes eu também me surpreendo responsável por algum tipo de preconceito. É quase inevitável.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Valores


Paradoxo do Nosso Tempo / George Carlin
Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente.
Nós bebemos demais, gastamos sem critérios.
Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e raramente estamos com Deus.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.Limpamos o ar, mas poluímos a alma;
eliminamos o lixo , mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos cada vez menos.
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta;do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas 'mágicas'.
Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.
Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre.Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer.Lembre-se de dizer 'eu te amo' à sua companheira(o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, se ame... se ame muito.
Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm de lá de dentro.
Por isso, valorize sua familia, seus amores, seus amigos, a pessoa que lhe ama...
E, aquelas que estão ao seu lado, sempre..!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Vivências

“O Ministério da Educação implementa a política de inclusão educacional, fundamentada os princípios éticos do respeito aos direitos humanos, na proposta pedagógica que propõe ensinar a todos os alunos, valorizando as diferenças de cada um no processo educacional e na concepção política de construção de sistemas educacionais com escolas abertas para todos”.
“Nessa perspectiva, a educação especial envolve um amplo processo de mudanças para a implantação de sistemas educacionais inclusivos, revertendo as propostas convencionais de criar programas especiais para atender, de forma segregada, alunos com necessidades educacionais especiais e inserindo os gestores públicos e os profissionais da educação na elaboração de políticas para todos, que contemplem a diversidade humana”. (INCLUSÃO - Revista da Educação Especial - Dez/2006).
O que eu senti participando dos fóruns e lendo a respeito do assunto, da inclusão, em várias revistas, artigos e notas que saem na imprensa toda hora, é que precisamos ter calma mesmo. Senti que num contexto geral esta política educacional gera conflitos, provoca reflexão e polêmica. Pois trabalhamos, podemos ver aqui nos debates dos fóruns, as diversas idéias e caminhos que provocam a quebra de paradigmas educacionais. Estes mesmos envolvem, entre tantos outros aspectos, a redefinição e organização de uma nova forma de ensinar o pedagógico e o processo de aprendizagem e de ensino.
Nada melhor que a prática para aprendermos a trabalhar com o diferente, acho que incluir esses alunos especiais em sala de aula tem uma vantagem de aumentar o interesse da turma inteira em discutir o assunto, de inserir esses conteúdos diversificados que até tão pouco tempo ninguém falava. Esse assunto proporciona uma chance ímpar a todos para aprender atitudes de solidariedade e cooperação. Alem de aumentar nosso senso critico de olhar o mundo com um aspecto mais humano, respeitando e acabando com o preconceito. Ver o outro e se colocar no seu lugar nos faz pensar em nós e o quanto temos que aprender com as dificuldades e interferir na sociedade lutando por igualdade e oportunidade para todos.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Indíos, Negros, Brancos, Amarelos, Azuis, Cor de Rosa...

Lendo os textos de Questões Étnicos-Raciais, Era uma vez uma menina muito bonita.Uma prática pedagógica relacionada com a questão racial em uma turma de alfabetização. De Luciane Andréia Ribeiro Leite. E o texto SEMANA INDÍGENA: AÇÕES E EFLEXÕES INTERCULTURAIS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES Ana Maria Petersen, Maria Aparecida Bergamaschi e Simone Valdete dos Santos. Quero destacar algumas observações que fiz destes textos.
“Trabalhar sobre a discriminação racial nas Séries Inicias é ao mesmo tempo um tema indispensável e complexo. Indispensável porque é neste momento que a criança está em formação física, cognitiva e moral, sendo assim, a intervenção pedagógica poderá contribuir para que ela venha conviver nesta sociedade, de múltiplas configurações étnicas, religiosas, culturais, compreendendo essas diferenças e como são produzidas na sociedade.
Complexo, pois envolve não somente os preconceitos dos alunos/as, mas também dos próprios professores.”Mas o que vejo nas escolas é justamente o contrario, pois na hora de dividir as turmas para os professores, nenhum quer pegar aquela turma com problemas sociais, raciais ou com alunos com necessidades especiais, física ou mental. Todo professor quer aquele sonho de sala de aula, onde todos os alunos são felizes e iguais”. No caso do negro e a questão racial, vejo que é muito difícil para nós professores tomarmos uma posição adequada, pois somos formadores de opiniões e muitas vezes somos mal entendidos diante a uma situação. Os próprios alunos têm preconceitos, os negros se excluem e tem preconceitos com eles mesmos, ou muitas vezes querem se valer de sua condição racial para obter conquistas (caso das cotas). Incluir os negros numa sociedade com oportunidades iguais não é sentir pena deles e achar que eles são menos capazes que os brancos. Mesmo que a situação no Brasil de discriminação é mais social do que racial. Eu vejo que um negro rico no Brasil é respeitado, mas o pobre, negro e favelado é discriminado e marginalizado mesmo antes de ser adulto.
No caso do texto da professora Luciane, ela achava que as crianças não tinham preconceitos? Vivendo no século XXI? Falta orientação para ela. A turma dela era tão preconceituosa que no primeiro dia de aula já íamos notar a depreciação ao negro. E vejo também que ela tinha medo de posicionar diante aos alunos. O professor não teve ter medo de posicionar diante suas convicções. O professor também não pode desconsiderar a vivencia que cada um já trás consigo, fazendo sempre um diagnóstico dos seus alunos.
Quando ela cita alguns livros e tipos de preconceitos que eles trazem pode se destacar também as pessoas magras, aquele tipo de conceito de felicidade, magra, olhos azuis e cabelos loiros.
“Trata-se também de um ‘racismo cordial’ na feliz expressão encontrada pela Folha de São Paulo, que, para fora, se mostra muito amável, mas na prática, reproduz hierarquias cristalizadas e intocadas”. (ibid. p. 156)
Penso que vivemos numa sociedade racista e temos consciência disso e não fizemos nada para modificar esta situação, estamos então na condição de racistas tanto quanto aquele que demonstra.
E o que posso destacar de mais importante no outro texto é que “Para abolir o” pintar as crianças de índio “e anunciar a existência de uma cultura indígena própria que luta por uma escola diferenciada, pela demarcação de suas áreas de terra ancestrais, pela sua sobrevivência”, não preciso dizer mais nada depois dessa frase, né!!!!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O Respeito

Fazendo um elo nas interdisciplinas de Questões Etnicas-Raciais, onde estamos discutindo os verdadeiros valores a serem trabalhados sobre as etnias dos Negros e Índios, e Necessidades Educacionais Especiais que fala sobre a inclusão, vejo nas duas interdisciplinas um processo de respeitar o diferente modificando nosso modo de ver e agir diante as reformas que estamos vivendo nesta década da educação. Como diz o texto de Ana Maria Petersen, precisamos respeitar de uma forma específica, os povos indígenas, em sua cosmologia, não apenas no seu dia especial, mas sendo todo dia de índio. Precisamos abolir o “pintar as crianças de índio” e anunciar a existência de uma cultura indígena própria que luta por uma escola diferenciada, pela demarcação de suas áreas de terra ancestrais, pela sua sobrevivência.
“Todo dia é dia de índio”.
Podemos falar também no respeito ao “aluno especial”, na sua trajetória histórica marcada pela negligencia e omissão, onde incluir requer transformações que não ocorrem, a escola já é em espaço que por si própria não consegue lidar com seus alunos ditos “normais”, imagina os “especiais”. Como sita o texto de Arlete Aparecida Bertoldo Miranda “porque muito pouco de especial é a realizado em relação às características de sua diferença”.
Se tratando a todos estes casos especiais, índios, portadores de necessidades especiais, negros, o primeiro passo para a escola e a diferenciação curricular, é adequar a estrutura escolar para esses alunos e isto não se refere apenas ao espaço físico, mas sobre tudo, nos conteúdos, nas avaliações e na prática em sala de aula.
Sem contar com o dilema do Antropólogo Francês, em Filosofia, que respeita toda a forma de cultura dos povos como sendo uma questão de ética dele, mas se esquece que precisamos olhar o passado pensando no futuro e vivendo o presente. Respeitar não significa aceitar tudo como é sem questionar e intervir para novas possibilidades, como na história da inclusão, precisamos mudar o que muitos e muitos anos foi uma questão de cultura.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Minhas principais conquistas em 2008 e espectativas para 2009!!!



Tenho a impressão que o ano de 2008 ainda não passou, principalmente o último semestre, por que foi muito rápido. Minha jornada aqui na UFRGS tem sito muito gratificante. Uma das coisas que mais me ajuda é o fato de estarmos trabalhando e aprendendo juntos, sinto mais segurança no meu trabalho agora que estou cursando Pedagogia, pois sei que se tenho uma dificuldade, seja ela qual for, tenho para onde correr e tirar minhas dúvidas.
Acho que as principais conquistas estão no dia-a-dia, em ver meus alunos aprendendo, em poder ajuda-los, em construir uma aprendizagem significativa. Este semestre que passou foi para, principalmente, pensar na escola mais organizada, melhor preparada para seus alunos, pais e comunidade, foi para discutir direitos e deveres de ambos, defender a democracia, pensar na escola democrática e seus resultados.
Trabalhamos com pesquisa também neste semestre que foi algo incrível, pois sei o quanto é significativo para nós e para os alunos buscarmos a própria aprendizagem e descobrir coisas novas assim. Falar também das perceptivas da educação como marxistas, os ideias de Erikson, Paulo Freire, Weber, Rogers...
Aprendi a usar novas ferramentas na internet e fiz novas amizades também, pois os grupos se espalharam e convivemos com novas pessoas, o que foi uma troca muito grande.
Uma frase que me chamou muito a atenção foi: “Todo fazer é um conhecer e todo conhecer é um fazer”.Maturana. Um grande pensador, talvez o melhor do semestre que eu tenha lido.
Confesso que estou colocando somente o lado bom do semestre, por que gosto de ver o lado positivo das coisas, pois estamos aqui por escolha nossa, por outro lado, acho que foi muito gratificante, mas também bem cansativo. Muitos textos difíceis, muitos conteúdos e pouca didática em si, não eram como estávamos acostumados em Matemática, por exemplo, Estudos Sociais e Ciências. Mas foi muito bom.
Acho que este semestre também vai ser parecido com o anterior, muita teoria e textos para ler, uma carga horária bem grande e muitos desafios, mas tudo bem, estou empolgada para chegar a formatura e agora é só alegria, RETA FINAL, praticamente. Aleluia!

segunda-feira, 23 de março de 2009


DEFICIÊNCIAS - Mario Quintana (escritor gaúcho 30/07/1906 -05/05/1994 ) .
"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês. "Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda. "Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.
"A amizade é um amor que nunca morre. "

Achei muito linda esta definição de "deficiência", escrita por Mario Quintana - meu amor - como sempre seu olhar vai além das pessoas e das imagens reias...nada melhor que esta poesia para começarmos nossos trabalhos, de reflexão, neste ano de 2009...